A paixão pela competição de Filipa Prudêncio


Muitos se lembrarão de Filipa Prudêncio, em meados da década passada, como uma das surfistas de topo da Liga MEO Surf e habitual finalista em etapas da prova. Outros até recordarão a surfista-modelo eleita como “a mais sexy” numa gala da revista Surf Portugal e presença habitual em anúncios de biquíni do seu patrocinador de então.

Contudo, poucos saberão que a surfista das Caldas da Rainha, agora retirada da competição, tirou um doutoramento e tornou-se professora universitária de Engenharia Eletrotécnica, com especial foco na área da Física, e investigadora galardoada nacional e internacionalmente (melhor trabalho de investigação de aluno de doutoramento URSIGRASS – 2014 e Prémio Professor Abreu Faro).

Filipa é mesmo uma caixa de surpresas, a ex-competidora de surf mudou o seu foco para modalidades completamente diferentes do surf: crossfit e, mais recentemente, halterofilismo.

Como explicar o que move esta atleta/cientista tão multifacetada? A própria dá umas pistas para o enigma chamado Filipa Prudêncio:

Não sou uma pessoa ‘excelente’ naquilo que faço desportivamente. Na verdade, não consigo estar muito tempo numa área para conseguir atingir a excelência. Ando ali no top 3 e depois mudo. Evoluo muito e rapidamente, no início, mas depois acho que talvez me falte a maturidade para perseverar e trabalhar ali, mais lentamente, para a ponta final, para chegar ao topo.

O currículo desportivo de Filipa parece confirmar esta tese: 4x campeã nacional universitária, vencedora de uma etapa da Liga Nacional de Surf e várias vezes finalista, tendo um terceiro lugar como a melhor classificação de sempre no ranking do principal circuito nacional, além de um 8.º lugar na tabela do europeu de juniores e 10.º no europeu open.

Moradora nas Caldas da Rainha, cresceu perto do mar, “entre a Foz do Arelho e o Baleal”, pelo que o surf apareceu naturalmente na sua vida, mas mais do que o surf, confessa, a sua paixão é a competição, pelo que quando as exigências profissionais a obrigaram a abandonar o surf competitivo, naturalmente abraçou outra forma de competir.

“Gosto muito de desporto e já pratiquei várias modalidades coletivas, mas tenho mais tendência para desportos individuais. Quando estava a fazer o doutoramento e não tinha tempo para surfar, comecei a fazer aulas de cycling no ginásio e então explodiu a moda do crossfit e decidi experimentar. Ao fim de 6 meses, fiz a minha primeira competição”, conta, entre risos, assumindo o vício competitivo.

A história de sucesso repetiu-se no crossfit, com dois quintos lugares nas competições nacionais Manz Cross Games e na Battle of Coimbra, somando ainda mais dois segundos lugares por equipas.

Do crossfit, modalidade que envolve várias componentes, Filipa concentrou-se então no halterofilismo. Modalidade que pratica há apenas alguns meses e da qual vai dizendo, num tom que oscila entre o pesar e a piada… “mas ainda não ganhei nada”.

Uma questão de tempo, enfim, diríamos nós. xxx


Por Carlos Mariano/FPS
Fotografia: Arquivo Pessoal (Foto de ação no topo por Marco Gonçalves)
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