Extensão do Molhe de Leixões discutido no Parlamento


Em março de 2019, a associação ambiental Surfrider Foundation Europe promoveu uma petição pública com o objectivo de levar os deputados a suspender a extensão do molhe de Leixões, como forma de apoio ao movimento de cidadãos Diz Não ao Paredão, uma vez que nem todos os estudos de impacte ambiental estavam devidamente quantificados.

A petição “Diz Não ao Paredão” reuniu mais de 6500 assinaturas, foi debatida na Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação em fevereiro deste ano e foi recentemente discutida em plenário da Assembleia da República, promovendo-se assim um maior escrutínio e debate.

Em linha com a ação da Surfrider Foundation um pouco por todo o mundo, esta organização não governamental internacional de apoio ambiental procurou desta forma apoiar diretamente o ativismo da comunidade, materializando os ideais de participação pública e de transparência.

Recentemente, uma ação semelhante nos Estados Unidos levou a uma vitória memorável para o ambiente e a comunidade dos desportos de ondas, já que na Califórnia foi legislada a proteção de uma zona costeira, protegendo um spot mítico do surf local (Trestles) da destruição e impacto na identidade e dinâmica económica de toda uma região.

Em Leixões, a Surfrider Foundation Europe, através do seu programa Surfrider Coastal Defenders, decidiu reforçar o movimento Diz Não ao Paredão, defendendo que a empreitada que envolve o prolongamento do quebra-mar exterior em 300 metros representa um perigo, não só para o ambiente, como também para as pessoas e concelhos vizinhos. O possível efeito cumulativo das potenciais ameaças (maior estagnação das águas e assoreamento) com a qualidade já débil das águas, relacionada com as linhas de água que lá desaguam, perspetivam um resultado dramático para a qualidade do ambiente naquela praia.

De acordo com António Meireles, recentemente eleito membro do Board da Surfrider Foundation Europe, “esta é uma componente das obras do Porto de Leixões que pode representar impactos profundos na economia, sociedade e natureza, não só localmente como em toda a sua envolvente. Estamos a falar da praia urbana com mais utilizadores em todo o norte do país, com milhares de utilizadores ao longo de todo o ano. A qualidade da água nas praias que são diretamente afetadas por esta obra já é atualmente um risco, sendo mesmo desaconselhado os banhos no Verão pela Agência Portuguesa do Ambiente, pelo que uma obra que na sua memória descritiva assume que irá ter impacto na qualidade da água, antevê por si só consequências que desvalorizaram não só o uso desta zona costeira, como todos os negócios e áreas envolventes.”

A Surfrider Foundation Europe espera que, aquando da discussão no Parlamento, os deputados sejam capazes de fazer cumprir a lei em vigor e que dessa forma seja realizado um novo Estudo de Impacto Ambiental, que meça efetivamente o impacto desta obra na qualidade da água para uso balnear e não só, já que a utilização desta praia não é sazonal, algo que a tem valorizado e que acreditamos que os residentes e o país gostariam que permanecesse dessa forma. xxx

Comunicado enviado pela Surfrider Foundation Europe (Porto)
Fotografia: André Carvalho
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