Pandemia. E agora? Como fica o negócio do Surf?


Neste tempo de incerteza em que a pandemia continua a avançar e a registar mais casos dia após dia, são muitos os sectores de negócio que estão a ser afetados. O Surf, que como se sabe é um dos grandes pilares do turismo e uma das grandes fontes de divulgação no exterior, cada vez mais uma importante parte na estratégia de comunicação do país, está a sentir particularmente as dores da disseminação do Coronavírus. Uma das áreas de negócio fortemente afetada, tendo presentemente a sua atividade suspensa, são as escolas de surf. Pedro Correia Elias, um dos responsáveis da Carcavelos Surf School, traçou à Surfzine o essencial sobre o estado da situação. 

Sobre a quarentena, como está a situação na Linha?

Há um antes e um depois. Antes, isto é, no início, não se percebia muito bem o que estava a acontecer e o impacto que a pandemia de COVID-19 poderia causar. Nessa altura, a Linha em geral mantinha as suas rotinas – marginal com o trânsito habitual, mar repleto de surfistas, pessoas no areal em dias de calor e um paredão e paisagem apelativos aos passeios.

O depois, ou seja, quando se começa realmente a valorizar a evolução do surto, passa a ser uma quarentena real e integrada e, naturalmente, a paisagem da Linha transformou-se. As praias estão vazias e os negócios locais, na sua maioria, fechados, vendo-se muitas pessoas isoladas a fazer os seus passeios. As estradas, no geral, estão muito menos movimentadas e isso até se reflete no ruído e nos cheiros. Até ao momento, não conheço casos de contágio aqui perto, e o que vou observando é que as pessoas mantêm o respeito pela medida de quarentena decretada.

(…) quando se começou realmente a valorizar a evolução do surto, passou a ser uma quarentena real e integrada e, naturalmente, a paisagem da Linha transformou-se

Ainda há pessoal a furar a quarentena para fazer Surf?

Sim. No início ainda se viam alguns surfistas no mar, mas sempre isolados. Nesta fase, de mitigação, em que nos encontramos, não voltei a ver ninguém no mar. 

Como têm estado a agir as autoridades?

A partir do momento  em que as praias foram interditadas a grupos, verificou-se de imediato um  reforço na vigilância por parte das autoridades, apelando a um espirito de cidadania responsável e que me parece ter sido respeitada.

Como agiram vocês quando começaram a surgir os primeiros sinais de alarme?

Perante um cenário com estes contornos, não tivemos tempo para nos prevenir, se é que era possível! Toda a nossa atividade fomenta o convívio e contactos saudáveis entre pessoas. Mal percebemos a dimensão da COVID-19, não hesitámos e fechámos as portas.  

No início ainda se viam alguns surfistas no mar, mas sempre isolados. Nesta fase, de mitigação, em que nos encontramos, não voltei a ver ninguém no mar

Sobre a escola, há quanto tempo estão parados e qual o prejuízo que estão a sofrer?

Fechámos a porta da Carcavelos Surf School no dia 13 de março e cancelámos todas as aulas já programadas, bem como as muitas atividades previstas para os próximos meses.

Neste período pré-Páscoa tinham muitas aulas programadas?

Bem, a nossa escola trabalha diariamente, pelo que à data já tínhamos planeadas muitas aulas e atividades, que foram obrigatoriamente adiadas.

Além das medidas já conhecidas pelo Governo, estão a contar de futuro com algum apoio específico para o sector do Surf?

A Carcavelos Surf School depende única e exclusivamente da sua gestão e do fundo de maneio que tem vindo a ser criado ao longo dos últimos 19 anos. Já cá estamos, de pedra e (s)cal, há muito tempo! Carcavelos é mesmo a nossa praia!

Toda a nossa atividade fomenta o convívio e contactos saudáveis entre pessoas, mas, mal percebemos a dimensão da COVID-19, não hesitámos e fechámos as portas

De uma forma geral, se a quarentena durar até junho, como já se fala, poderão algumas escolas acabar devido ao prejuízo que estão a ter?

Não me parece, sinceramente. Este tipo de negócio não implica um grande vinculo a investimentos financeiros que possam prejudicar a estabilidade de uma empresa perante estes imprevistos.

Quando estão a pensar voltar a laborar a “full time”?

Estamos perante um cenário de vida suspenso. Esta é uma fase delicada para todos nós, para as escolas de surf, mas especialmente para Portugal e para o Mundo! Respeitamos muito os nossos alunos portugueses e também lidamos com muitos estrangeiros que diariamente nos visitam. É impensável voltar ao trabalho sem que todas as condições de saúde estejam asseguradas. Esse é o nosso foco e a principal preocupação. E não estamos de braços cruzados já que o trabalho de “backoffice” continua a acontecer na nossa empresa. xxx

* Imagens de arquivo e @tiag_elias
** Encontra a Carcavelos Surf School neste link

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